quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A saga de um cientista alemão preso no Brasil durante a Segunda Guerra

Helmut Sick chegou quando Getúlio Vargas era amigo da Alemanha, foi preso quando a geopolítica virou para os Aliados e morreu décadas depois como um dos maiores nomes da ciência brasileira




Diz o senso popular que fazemos planos para a vida, mas a vida se encarrega de mudar as rotas planejadas. O cientista alemão Helmut Sick, estudioso de aves, provou dessas armadilhas do destino quando chegou ao Brasil às vésperas da Segunda Guerra Mundial estourar. Em 1939, aos 29 anos, dois após concluir seu doutorado sobre a “estrutura funcional da pena das aves”, Heinrich Maximilian Friedrich Helmut Sick desembarcou no Rio de Janeiro, como assistente do ornitólogo Adolf Schneider numa expedição do Museu de História Natural da Universidade de Berlim. Schneider, que tinha uma filha vivendo no Brasil, havia conseguido autorização para coletar aves no Estado do Espírito Santo, a fim de enriquecer o acervo da instituição em que ele e Sick trabalhavam. Apenas dois meses depois, porém, estourou a Segunda Guerra na Europa e os ornitólogos se viram impossibilitados de voltar para casa.
Àquela altura o Brasil ainda se mantinha neutro na guerra. O então presidente Getúlio Vargas, um simpatizante do nazifascismo, se deixava cortejar tanto pelos alemães quanto pelos Estados Unidos, ainda fora do conflito, mas buscando o apoio do Brasil. Mas não era só Getúlio que apreciava os alemães. O historiador Stanley Hilton relata no livro A Guerra Secreta de Hitler no Brasil que entre 1934 e 1938, quando o intercâmbio comercial entre os dois países havia dobrado em relação à década anterior, a população de origem germânica no país era “considerável e influente”. Parte disso se devia aos produtores brasileiros serem os principais fornecedores de café e algodão para os alemães, enquanto estes eram o principal fornecedores de produtos manufaturados para os brasileiros.
Alemanha era vista como modelo de país moderno pela intelectualidade brasileira, o que se justificativa em parte pelos avanços da ciência alemã no período. Buscando se aproximar dos brasileiros ainda ao fim da Primeira Guerra, foram estabelecidas várias parcerias científicas. Em 1921, por exemplo, foi instalada no Brasil a Chimica Industrial Bayer, que além da importação e fabricação de medicamentos, patrocinava pesquisas nas áreas médica e farmacêutica. Foram criadas, também, revistas e associações científicas, com a participação de brasileiros e alemães. E, com a fundação da Universidade de São Paulo (USP) em 1934, alemães vieram criar os cursos de ciências naturais.
Foram essas boas relações que trouxeram Schneider e Sick ao Brasil. Tinham apenas suas credenciais científicas e nenhuma ligação com o partido nazista, ao que consta. Seu contato aqui era Lauro Travassos, entomólogo do Instituto Oswaldo Cruz, que ofereceu patrocínio à expedição de 1939. Mas quis o destino que os dois alemães se deparassem com a encruzilhada da guerra, o que mudou a história de ambos e, por tabela, da ciência brasileira. Em 1941, enquanto avançavam as negociações entre o presidente americano Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas pela entrada do Brasil na guerra, Schneider pediu autorização para uma nova expedição, acompanhado de sua esposa Margarete, que fazia a taxidermia (conservação) dos animais coletados. No pedido ao Conselho de Fiscalização das Expedições Científicas e Artísticas no Brasil, Schneider se vê obrigado a informar o paradeiro de Sick, que ficara no Espírito Santo desde que a guerra se iniciara.
Embora Schneider tenha conseguido autorização e coletado várias aves depois incorporadas ao acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, ele acabou chamando a atenção para o fato de seu ex-assistente estar circulando livremente na região de Santa Teresa (ES), ainda hoje lar de uma população de origem alemã. Em 1937, quando o Estado Novo foi decretado, o Governo passou a perseguir comunidades de japoneses, italianos e alemães no Brasil, como parte do projeto nacionalista de Vargas. Isso se refletia na vigilância e prisão de membros dessas colônias, o que só piorou quando o país rompeu relações com o Eixo e entrou na Segunda Guerra ao lado dos Aliados.
Assim, após ser notificado pelas autoridades de sua condição ilegal, Sick ainda pediu permissão para a coleta de aves, mas esta lhe foi negada. Em 1942, com a guerra declarada à Alemanha, o Conselho pediu sua prisão. Schneider também havia sido preso no Rio e o jornal O Radical destilou veneno aos “súditos do Eixo”. Depois de dizer “Chô! Chô! Passarinho” a Schneider, semanas depois estampava uma coluna com o título “Cantiga Velha de ‘Urubu Malandro’”. Nela, o jornal questionava os objetivos da expedição de Sick, e sugeria que já que a Ilha das Flores, onde ficava um presídio, “está cheia de ‘pássaros’ aos quais foram cortadas as asas”, quem sabe Sick “não se sentiria feliz em sendo também ‘engaiolado’?”
Helmut Sick viu-se, então, aprisionado num país que ele pouco conhecia, com sua pesquisa sobre aves abortada. Mas, o alemão mostrou que não se renderia facilmente, e decidiu ele mesmo pregar uma peça em seu destino fatídico. Não seria o cárcere que o impediria de fazer o que mais gostava. Em vez de morrer de tédio e desesperar-se, resolveu improvisar. Foram necessárias algumas adaptações, é claro. Atrás das grades, o estudioso trocou a análise de penas de aves no microscópio pela observação a olho nu dos cupins que andavam pelo presídio. Substituiu as horas na mata pela observação dos passarinhos da sua cela mesmo ou do pátio, durante os banhos de sol. Assim, logrou reunir 26 espécies de cupim, 11 delas nunca antes descritas pela ciência. Sobre as aves que viu nos presídios da Ilha das Flores e da Ilha Grande, onde passou ao todo 21 meses, publicou um trabalho sobre o andorinhão-estofador (Panyptila cayennensis) e outro sobre o chupim (Molothrus bonariensis), pássaro que põe seus ovos em ninhos de outras aves para que elas cuidem deles.
Schneider, seu mentor no Brasil, foi libertado em 1943 e voltou no ano seguinte ao seu país. Morreu na então Alemanha Oriental em 1946, por inanição, seguido por sua mulher, que se suicidou. Sick teve bem mais sorte e só alçou grandes voos depois de sair da prisão, em 1944. Logo tornou-se naturalista da Fundação Brasil Central, explorando o interior do país ao lado dos irmãos Villas Boas. O relato dessas incursões está no livro Tukani: Entre os animais e os índios do Brasil Central, de sua autoria. Em 1960, tornou-se pesquisador do Museu Nacional. E em 1985 lançou a primeira edição de Ornitologia Brasileira, até hoje a obra mais importante nesse campo de estudos no país. “Sick trouxe para o Brasil a visão integrativa entre ambiente e espécies, e também a cultura de passar muito tempo no campo fazendo observações”, diz o ornitólogo Luis Fábio Silveira, curador das coleções ornitológicas e professor do Museu de Zoologia da USP.
O feito de que Sick mais se orgulhava, no entanto, era de ter encontrado, no final de 1978, o hábitat da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Descrita ainda no século XIX com base em exemplares de cativeiro e de museus, a origem exata da espécie era um mistério da ciência. Só se sabia que vinha do Brasil. Ligeiramente menor que sua parente arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) e maior que a famosa ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), a arara-azul-de-lear foi descoberta no munícipio de Canudos, no sertão baiano, após anos de buscas feitas por Sick. A espécie estava à beira da extinção na época, ameaçada pelo tráfico de animais e pelo desmatamento que ainda hoje ameaça sua mais importante fonte de alimentação, os coquinhos da palmeira licuri.
Após a descoberta de Sick, foi contratado o primeiro guarda-parque para resguardar as aves. Atualmente, um esforço de organizações sem fins lucrativos, universidades e órgãos ambientais está fazendo com que as populações da ave aumentem, e hoje ela é listada como “vulnerável” na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Talvez a espécie não tivesse chegado tão longe sem a persistência de Sick, que morreu em 1991, no Rio de Janeiro. Além desse legado, ele deixou animais em museus, inúmeras publicações científicas, discípulos na ornitologia e, principalmente, muitas histórias que vão sendo desvendadas pelos pesquisadores.

EM MEIO A UMA MISSÃO CIENTÍFICA, O PLANO DOS NAZISTAS PARA INVADIR A AMAZÔNIA

A boa relação entre o Brasil e a Alemanha na primeira metade do século 20 abriu as portas a missões importantes, como a de Helmut Sick e Adolf Schneider, mas também deu margem à vinda de figuras controversas como Otto Schulz-Kampfhenkel, cineasta e geógrafo que, em 1935, trouxe de navio um avião cedido por Herman Göring, chefe da Luftwaffe, a força aérea alemã, para sobrevoar e filmar a região do rio Jari, no atual estado do Amapá. Schulz-Kampfhenkel coletou animais e fez filmes com os índios locais. No decorrer dos dois anos da expedição, o teuto-brasileiro Joseph Greiner, membro da equipe, morreu de malária.
Seu túmulo, ainda hoje às margens do rio, tem cravada uma cruz com seu nome e uma inconfundível suástica entalhada. O símbolo na cruz é a evidência de um plano secreto de Schulz-Kampfhenkel de mapear a região para preparar a invasão nazista da Amazônia através da Guiana Francesa, como relata o jornalista Jens Glüssing no livro Das Guayana-Projekt: Ein deutsches Abenteuer am Amazonas (“O Projeto Guiana: uma aventura alemã na Amazônia”, sem tradução).
Outro nazista que esteve por aqui em missão científica foi o zoólogo Hans Krieg. Recebido com entusiasmo por autoridades e empresários brasileiros, deu palestras em São Paulo e no Rio em 1937. Em seu pedido de financiamento para a viagem, escreve que os alemães, quando no exterior, deveriam ser “intransigentes e honestos apoiadores do Terceiro Reich, sem que parecessem propagandistas à primeira vista”, segundo relata a estudiosa Ute Deichmann, autora de Biologists under Hitler (“Biólogos sob Hitler”, sem tradução no Brasil). Na volta da expedição pelo Mato Grosso e pelo Gran Chaco, o objetivo oficial da visita de Krieg, a polícia apreendeu 399 quilos de animais, ossos e rochas coletados ilegalmente, prestes a embarcarem para a Alemanha.

Assim foi feita a luz no universo depois de 180 milhões de anos de escuridão

Recriação artística do aspecto que poderiam ter as primeiras estrelas. 

A detecção de um sinal de rádio do universo primitivo é o primeiro indício da formação das estrelas


Dizem as teorias cosmológicas que há 13,7 bilhões de anos, um ponto infinitamente denso começou a se expandir a uma velocidade superior à da luz. Poucos segundos depois daquele Big Bang, o cosmos já era imenso e tinham sido lançadas as bases do universo que conhecemos, embora ainda fosse um mundo estranho. O eco daquela explosão ficou gravado em um fundo cósmico de micro-ondas que permeia tudo, mas quando apenas 380.000 anos tinham passado, veio a escuridão. A massa de partículas que formavam o universo antigo começou a esfriar e permitiu que prótons e elétrons se juntassem para formar hidrogênio neutro, gás que absorveu a maioria dos fótons ao seu redor. Isso tornou o universo opaco e deu origem à Era das Trevas do Universo, um período fora do alcance dos telescópios que detectam a luz visível.
Durante quase 200 milhões de anos, os germes do universo que conhecemos se alimentaram na sombra do espaço-tempo. A matéria foi se agrupando assistida pelo poder gravitacional da matéria escura e, finalmente, as primeiras estrelas nasceram. Esses astros — enormes, azuis e de vida breve — começaram a emitir uma radiação ultravioleta que mudou o ecossistema cósmico. A radiação modificou o estado energético dos átomos de hidrogênio que se tornaram independentes da radiação cósmica de fundo e começou a amanhecer no universo.
Hoje, um grupo de pesquisadores liderados por Judd Bowman, da Universidade do Estado do Arizona (EUA), publicou na revista Nature a detecção de um sinal produzido 180 milhões de anos depois do Big Bang, que se torna a prova mais antiga que temos da formação de estrelas. A conquista se deve a uma antena especial, do tamanho de uma geladeira, colocada em uma região remota da Austrália. Ali, longe das interferências de rádio e dos artefatos humanos, os pesquisadores colocaram um receptor que tinha um objetivo bem definido pelos físicos teóricos. No momento de perder sua neutralidade, o hidrogênio começou a emitir ou absorver a radiação circundante em um comprimento de onda específico: 21 centímetros, equivalente a uma frequência de 1.420 megahertz. Com a expansão do universo e seguindo a norma da mudança para o vermelho, pela qual o comprimento de onda da radiação aumenta com a distância, os astrônomos calcularam que o sinal chegaria à Terra numa frequência próxima aos 100 megahertz.

Apesar de terem projetado um detector extremamente sofisticado, capaz de capturar esse sinal e distingui-lo da radiação cósmica que banha continuamente nosso planeta (os autores descreveram a conquista como detectar o bater de asas de um beija-flor no meio de um furacão), no início os pesquisadores não encontraram o sinal esperado. Em sua abordagem inicial, calcularam a amplitude de emissão daquele hidrogênio primordial, contando que estaria mais quente do que o seu entorno. Mas, pensaram depois, talvez estivessem errados. Quando mudaram o modelo assumindo que o gás estaria mais frio e reduziram a frequência de busca, encontraram o sinal de ondas de rádio que estavam perseguindo ao redor dos 78 megahertz.
Depois de encontrar o sinal da formação das primeiras estrelas, o mistério da temperatura do hidrogênio deixou espaço para indagar nessa segunda incógnita. O que havia esfriado esse gás? Uma das possibilidades seria que a temperatura da radiação do universo naquela época fosse maior que a do fundo cósmico de micro-ondas estudado por sondas como a europeia Herschell. Outra opção é a que foi proposta por um segundo artigo publicado no mesmo número da Nature. Esse trabalho, dirigido por Rennan Barkana, do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), sugere que as interações com a matéria escura, muito mais fria do que a convencional, explicariam o descompasso entre as teorias e o que foi observado.
Os dois trabalhos abrem uma janela para uma fase da história cósmica até agora opaca. É a primeira vez que se observa esse período em que os ancestrais das nossas estrelas e nossas galáxias começaram a se formar. Agora, outros observatórios poderão continuar investigando esse período sabendo melhor onde procurar e ao longo do caminho é possível que a busca de matéria escura se ajuste melhor. Essa substância, que representa mais de 80% da totalidade da matéria do universo, desempenhou um papel fundamental na evolução do universo e continua a fazê-lo. E, apesar do nome, tirou o cosmos de quase 200 milhões de anos de escuridão.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Especialistas encontraram um texto egípcio de 1.200 anos que diz que Jesus Cristo "poderia mudar de forma"




Um texto egípcio com uma antiguidade de 1.200 anos, descoberto e decifrado no mês de março de 2013, conta uma parte da história da crucificação de Jesus com certas torções apócrifas (que são consideradas falsas), algumas das quais nunca foram vistas antes. Escrito em língua copta, o documento antigo menciona Pôncio Pilatos, o juiz que autorizou a crucificação de Jesus, jantando com ele antes de sua sentença e oferecendo sacrificar seu próprio filho em vez do Messias. Também explica por que Judas usou um beijo para trair Jesus (ele teria a capacidade de mudar de forma), e coloca o dia da sua prisão na noite de terça-feira, em vez de quinta-feira, algo que mudaria a cronologia da Páscoa.



A descoberta do texto, é claro, não significa que esses eventos tenham ocorrido, mas que algumas pessoas que viveram naquela época acreditavam neles por qualquer motivo. Isto foi dito por Roelof van den Broek, da Universidade de Utrecht, na Holanda, que publicou a tradução completa do manuscrito no livro "Pseudo-Cirilo de Jerusalém sobre a Vida e a Paixão de Cristo" (Brill, 2013). As cópias do texto estão em dois volumes, um na Biblioteca e Museu de Morgan, em Nova York, e outro no Museu da Universidade da Pensilvânia. A maior parte da tradução vem do primeiro, uma vez que o outro é, na sua maioria, ilegível.


Pôncio Pilatos jantou com Jesus

Embora existam histórias não reconhecidas sobre Pilatos conhecidas desde a antiguidade, van den Broek escreveu em um e-mail para a LiveScience que ele nunca tinha visto nada assim. Oferta de Pilatos para sacrificar seu próprio filho em vez de Jesus. "Sem mais, Pilatos preparou uma mesa e comeu com Jesus no quinto dia da semana. E Jesus abençoou Pilatos e toda a sua casa ", diz parte do texto traduzido. Mais tarde, Pilatos diz a Jesus: "Bem, então, aqui, chegou a noite, levanta-se e se aposenta, e quando a manhã chega e eles te acusarem, eu lhes darei o único filho que tenho para que possam matá-lo no seu lugar ". No texto, Jesus o conforta dizendo: "Oh, Pilatos, você foi considerado digno de grande graça, porque você mostrou uma boa disposição para comigo". Ele também mostrou que ele poderia escapar se quisesse. "Pilatos, então, olhou para Jesus e, de repente, ele se desencarnou: ele não o viu por um longo tempo.” Pilatos e sua esposa têm visões naquela noite que mostram o assassinato de uma águia (representando Jesus). Nas igrejas coptas e etíopes, Pilatos é considerado um santo, o que explica a descrição simpática do texto, escreve van den Broek.


Por que Judas usou um beijo?

Na Bíblia canônica, o apóstolo Judas trai Jesus em troca de dinheiro usando um beijo para identificá-lo, levando à prisão de Jesus. No entanto, o texto diz que ele fez isso porque Jesus teve a capacidade de mudar sua forma. "Então, os judeus disseram a Judas: como vamos prendê-lo? Porque não tem uma única forma, sua aparência muda. Às vezes é corado, às vezes é branco, às vezes é vermelho, às vezes é de cor de trigo, às vezes é pálido, às vezes é um jovem, às vezes um velho... " Isso leva Judas a sugerir usar um beijo como meio. Se ele tivesse dado aos soldados uma descrição do Messias, ele poderia ter mudado de forma. Quando você o beija, diz exatamente quem ele é.


   

Representação de São Cirilo

O texto está escrito em nome de São Cirilo de Jerusalém, que viveu no século IV. Na história, ele diz a Páscoa como parte de uma homilia (um tipo de sermão). Na antiguidade, vários textos afirmam ser as homilias de São Cirilo e provavelmente não foram dados pelo santo na vida real. Perto do começo disso, Cirilo, ou a pessoa que escreve em seu nome, afirma que um livro foi encontrado em Jerusalém que mostra os escritos dos apóstolos sobre a vida e a crucificação de Jesus. "Ouça-me, oh meus filhos honestos, e deixe-me dizer-lhe algo do que encontramos escrito na casa de Maria..." Mais uma vez, é improvável que isso tenha acontecido na vida real.


   

Prisão na quinta-feira

Van den Broek disse que ficou surpreso que o escritor de texto mudou a data da última ceia de Jesus com os apóstolos e sua prisão até a terça-feira. Na verdade, de acordo com o texto, Pôncio Pilato parece participar do jantar. Entre sua prisão e jantar, ele é levado antes de Caifás e Herodes. Nos textos canônicos, a Última Ceia e a prisão de Jesus são quinta-feira à tarde, e os cristãos hoje marcam esse evento com os serviços da Quinta-feira Santa. "Ainda é curioso que este pseudo Cirilo relate a história da prisão de Jesus na noite de terça-feira, como se a história canônica não existisse", disse ele.

  


Um presente para um mosteiro, e então para Nova York

Cerca de 1.200 anos atrás, o texto de Nova York estava na biblioteca do Mosteiro de São Miguel no deserto egípcio, perto do atual al-Hamuli, na parte ocidental de Fayum. O texto diz, na tradução, que era um presente do "Arcebispo Padre Paul", que "forneceu este livro com seus próprios trabalhos". O mosteiro parecia ter cessado as operações no início do século X, e o texto foi redescoberto na primavera de 1910. Em dezembro de 1911, foi comprado, juntamente com outros documentos, pelo financista americano JP Morgan. Suas coleções foram posteriormente entregues ao público e fazem parte da atual Biblioteca e Museu de Morgan em Nova York. O manuscrito foi exibido como parte da exposição do museu "Tesouros do Cofre".




    

Quem acreditou nele?

Van den Broek escreveu no e-mail que "no Egito, a Bíblia foi canonizada no quarto / quinto século, mas as histórias e livros apócrifos (considerados falsos) continuaram a ser populares entre os cristãos egípcios, em especial os monges". Enquanto as pessoas do mosteiro acreditariam no texto recentemente traduzido, "particularmente os monges mais simples", ele não está convencido de que o autor do texto acreditasse em tudo o que ele estava escrevendo, disse van den Broek. "Eu acho difícil acreditar que ele realmente fez, mas alguns detalhes, por exemplo, a refeição com Jesus, poderiam ter acreditado nisso", escreveu ele. "As pessoas da época, mesmo que tivessem uma boa educação, não tinham uma atitude histórica crítica. Milagres eram possíveis, por que não acreditar em uma história antiga?


ABORTO INTELECTUS